Sobre o medo da Morte

“Zeca Violeiro não fazia o que queria tinha medo de morrer
O seu irmão cabra macho forasteiro
Tomou três tiros no peito porque sabia viver
Zeca sabia todo mundo morre um dia
Quase sempre ele dizia:
Antes todos do que eu”
(Zeca Violeiro – Falamansa)
Falar sobre morte sempre me faz lembrar da famosa frase: “Para morrer, basta estar vivo” e também de que esta é a única certeza que temos nas nossas vidas.
A morte (ou o medo dela), é assunto frequente nas sessões de terapia, nos cultos religiosos, nas rodas de amigos, nos noticiários e nos pensamentos das pessoas em geral. Nada mais lógico, uma vez que nossa vida nada passa de “morrer e viver” simbólicos. Morre a criança em nós, para que possamos nos tornar adultos. Morrem formas de encarar a vida, para nascerem outras. Morre a idealização de nossos companheiros e amigos e nasce, na convivência e na experiência, quem eles realmente são.
Mas afinal, o medo da morte, certeza única de tudo que pode nos acontecer, não precisa ser condenado. É natural temer, principalmente por nunca termos passado por esse momento, sendo assim algo desconhecido que, definitivamente nos tira da nossa zona de conforto. Esse medo precisa sim, ser trabalhado, ser compreendido.
Também não se pode, assim como Zeca Violeiro (do forró acima), se deixar entregar a essa angústia e, antes do tempo, se matar de forma simbólica. Afinal, como apontei no início, “Para morrer, basta estar vivo” e se nossos pensamentos se dirigem apenas para “não morrer” ou coisas do gênero, acabamos por não viver. Onde não há (ou onde não permitimos que haja) vida, não há lugar para a morte (digna) e assim acaba-se por apenas sobreviver. Como zumbis (que tanto vemos nas mídias, atualmente), ficamos monotemáticos: pensamos apenas em não morrer, e esquecemos de viver.
Quando falo de morrer, também me refiro às possibilidades de falha, de não ser bem sucedido em algo que fazemos. Acabamos por não nos deixar viver, criando rotinas rígidas, conversas insólitas, amizades sem sentimento. Tudo isso para garantir que nada saia do controle e que continuemos vivos. Mas, a que preço?
Que sejamos mais leves. Que nos permitamos errar, que permitamos que certos padrões rígidos demais sejam mortos, para podermos ser vivos.
Boa semana.

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