A sociedade sem alma

Atualmente, temos visto o apelo cada vez mais forte do feminino. Sejam os movimentos feministas, seja a exposição demasiada do corpo da mulher, ou até mesmo na quase proibição da esfera dos sentimentos.


Não falo aqui unicamente sobre a desfeminilização da mulher, mas também e principalmente, sobre a repressão do feminino nos homens a qualquer custo pois, por menor que seja, qualquer coisa de feminino que o homem faça já o caracteriza como "maricas". Isso ocasiona um problemão. Jung já dizia que a psicologia coletiva é a mesma psicologia do indivíduo, e isso toma uma proporção enorme quando falamos sobre essa repressão do feminino.


Isso pelo fato de que, ao fazermos isso, não apenas reprimimos uma imagem de mulher, mas tudo o que está ligado à feminilidade. Reprimimos, se assim se pode dizer, tudo relacionado a um arquétipo essencial, no desenvolvimento masculino, que é o de anima (alma), a mulher que habita em cada homem. E ao fazermos isso estamos cada vez mais alimentando este feminino em nossa sombra.


A mulher vem assumindo posturas masculinas, o animus (os homens que habitam em cada mulher) aflorado, quase como uma persona, se cristaliza no seu dia-a-dia. Os movimentos sociais femininos, de feminino hoje só tem o nome, pois agem de forma masculinizada. Quando se tornam mães, elas tem que trabalhar, crescer na carreira e terceirizam o que de mais importante o bebê pode ter, que é a presença da mãe nos primeiros anos de vida, para pessoas que, salvo raras exceções, cuidam da criança apenas pelo dinheiro no fim do mês.


Hoje, de tão patriarcal e machista que é nossa sociedade, pouco se tem de referência do feminino. Infelizmente, não podemos pensar que essas mulheres reprimidas em nós, e na sombra do coletivo, ficarão quietas, silenciadas. Já estamos vendo, no Brasil e no mundo, a presença dessa mulher, não como uma mãe que nutre, mas a mãe destruidora, a mãe terrível, como diz Jung.


Esse é o preço de se unilateralizar, esse é o preço de valorizar apenas um polo. Estamos pagando, e caro, para viver sem alma.

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