Análise dos sonhos

A psicologia, para muitos, é cercada de conceitos, de pré-conceitos e equívocos de entendimento. Muitos ainda pensam que a função do tratamento psicológico é a de fornecer ao paciente conselhos e orientações diversas, como se a responsabilidade fosse única e exclusivamente do terapeuta. Um dos nomes mais lembrados quando abordamos o tema é o de Freud, pai da psicanálise.


Uma das principais contribuições de Freud foi o estudo da dinâmica inconsciente da Psique, por meio de suas técnicas de associação livre e de interpretação de sonhos. Quanto ao olhar para os sonhos, aliado aos equívocos comuns citados anteriormente, alguns pacientes chegam ao consultório solicitando ao terapeuta que, mesmo sem o conhecimento de seu contexto de vida, conceitos e significados simbólicos, faça interpretações quanto aos sonhos que têm tido.


Essa ideia da interpretação de sonhos pode ser relacionada, entre outras coisas, a pensamentos redutivos e causais, que encontramos principalmente em manuais de sonhos em bancas de jornais, ou até mesmo os inúmeros dicionários de símbolos comprados em quaisquer livrarias, como se existisse uma chave universal para compreender e decifrar os conteúdos oníricos de quem quer que seja.


Posteriormente a Freud, Jung contribuiu fortemente para a compreensão do inconsciente e de conteúdos simbólicos. Para ele, o sonho é uma imagem carregada de símbolos, subpersonalidades, personagens que são partes de nós, e significados múltiplos. Ele não define apenas um significado para cada símbolo, apesar de reconhecer que todo símbolo, em si, carrega um conteúdo a priori, que vem sendo carregado no inconsciente coletivo de toda a humanidade. Para Jung, este conteúdo coletivo não pode ser facilmente acessado pelo nosso olhar consciente, mas aparece muitas vezes nas manifestações inconscientes, ainda assim não o captamos em sua totalidade (são os arquétipos).


Mas é a individualidade que Jung nos presenteia como o norte para a análise de sonhos. Cada individuo traz, consigo, uma infinidade de conceitos, vivências, histórias e são esses conteúdos principais “roteiristas” dos sonhos. Em sua técnica de análise (e não de interpretação) de sonhos, o trabalho é realizado não apenas com o conhecimento do terapeuta, mas principalmente com os conteúdos, percepções e afetos do paciente.


O sonho, para o paciente que está passando por momentos de conflito psíquico ou então com quadro de algum transtorno psicológico, muitas vezes (para não dizer sempre) nos traz respostas sobre como olhar de forma diferente para o real quadro o paciente ou até mesmo possíveis formas de agir para uma melhora.


O problema maior é que, de tanto ouvirmos falar na possibilidade ou não de “sonhos que se tornam realidade”, acabamos dissociando o sonhar da realidade, muitas vezes acreditando que nossos sonhos não têm importância, ou que são bobagens. Uma coisa eu garanto: se, por algum motivo, dentre tantas informações, nossa psique escolhe o que sonharemos a cada noite, com certeza há um motivo maior, uma vez que todos os movimentos de energia psíquica ocorrem única e exclusivamente para a manutenção do equilíbrio psicológico.


Fica aqui o convite: busque um psicólogo para falar sobre seus sonhos ou, pelo menos, tente olhar para seus sonhos de uma forma diferente, converse com eles, tente decifrar, menos o motivo de sonhar com eles, mais o que eles podem lhe dizer. Bons sonhos.

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