Patos e cisnes, ambos bonitos

Hoje quero falar um pouco sobre como, em muitos momentos, deixamos de nos observar para olharmos a nós mesmos com os olhos de outros. É notório, principalmente hoje em dia, o quanto a opinião e a aprovação de terceiros exercem uma enorme influência em nossas vidas. Falei anteriormente sobre o fenômeno das selfies, mas agora o assunto é outro.


Todos nós, em algum momento da nossa vida, recebemos uma opinião de alguém, sendo que ora concordamos, ora não. Isso é natural e saudável, mas temos um problema a partir do momento em que "compramos" essa opinião como verdade sobre nós.


Vejamos: uma pessoa diz algo sobre nossa conduta, nosso comportamento, ou até mesmo o nosso caráter e nós, sem termos um olhar crítico, sem buscarmos em nós pontos de concordância ou discordância, apenas aceitamos. Essa pessoa tem em si seus preconceitos, sua cultura, sua história de vida, seu meio social e mesmo que em algum destes aspectos sejamos semelhantes, não somos iguais. Ou seja: esse julgamento vem carregado de um juízo de valor que pode não condizer à realidade.


Pensando nisso, lembrei-me do conto do Patinho Feio: nasce o "pato" diferente, desengonçado, e feinho (aos olhos dos patos daquela "sociedade"), que "compra" para si a idéia de ser um pato de forma tão profunda, que mesmo havendo tantas visíveis e notáveis diferenças entre um patinho e um cisnezinho, demora à beça, em meio a tanto sofrimento e angústia, para finalmente encontrar a si mesmo como um cisne. Claro que, quando compramos uma verdade para nossa vida, mesmo que nos traga algum sofrimento, ainda assim nos traz alguma segurança, talvez este o motivo principal de não olharmos para nós com nossos próprios olhos.


Quantos "patos feios" não somos nós até o momento em que não nos preocuparmos em descobrir o cisne em nós?


Creio já ter passado da hora de darmos menos importância ao pensamento dos outros, principalmente em casos que tolhe nossa capacidade criativa. Um exemplo que eu tomo emprestado de um professor é o do besouro: um inseto sem nenhuma aerodinâmica, grande com asas pequenas, e que apesar de ter tudo em si para que digamos que não voaria, VOA e pasmem, o único motivo para que ele voe, apesar da visível incapacidade é que em momento algum este inseto comprou para si este "não posso". Ele simplesmente coloca as asinhas para fora, dá algumas voltinhas, bate nas paredes, cai no chão. Passado algum tempo, abre as asinhas e o processo continua. Sempre e sempre.


Que possamos compreender a nós mesmos e, independente do que dizem, abrir as asinhas, voar, se preciso for, cair. Mas sem nos amedrontarmos com a possibilidade de sermos nós mesmos.

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